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terça-feira, 24 de julho de 2012

Bergamotas, Clorofina e Tal Golin

Vesti minhas roupas de te esperar num dia desses. Antes desses de agora, sabe. Num daqueles em que eu não sabia muito dos caminhos que percorrias, e sinceramente, não sabia muito dos caminhos que eu mesmo cruzava. E fui te esperando, no começo, admito, não pelos motivos certos, e fui te encontrando na minha espera e de repente “boom”( que nem aquele do conto do Marcelinho, só que totalmente diferente).
Algo surgiu do ponto onde surgem as coisas novas, algo diferente do esperado, um desvio de percurso, nesse percurso de infindos desvios, e eu te vi adormecida uma e outra vez( e te ver dormir tem grande parte nesse nosso estar, nesse meu querer ao menos) e dividimos tantas coisas, né não? Histórias de vida, de dores, de perdas.
Talvez tudo tenha nascido nas rosas que não querias, começado naquela noite em que eu te vi dançar pela primeira vez. Eu sei, eu sei, quase um ano nos separa daquilo, e nenhum dos dois estava por aqui. Mas tudo tem um ponto de partida. Talvez tudo comece no beijo que não demos( muito embora tenhamos dado), naquele colégio pequeno que nos abrigava nas tardes frias de um outro julho de há tantos anos, talvez tudo comece em algum verso de canção escrito por um deus comediante, em um livro que nunca leremos, que decidiu por lunático cruzar nossos caminhos uma e outra vez, como se assim fosse, como se assim tivesse de ser. Tantos anos depois, tanto tempo de não ser nada, contrapondo os teus dias de ser tanto.
Talvez eu pense em demais em cada talvez, talvez seja assim e ponto. Sem grandes elementos agravantes, sem grandes motivos, palavras de efeito( o único charme real que eu tenho), embaixo de tudo isso, embaixo de cada talvez que eu insisto em levar comigo, tudo parece mais claro, mais real, mais palpável, como tua brabeza, nossas brigas que eu quase não brigo, como esse estar junto desfazendo-se a cada frase mal dita( maldita frase). A cada desculpa que não sei, sei lá, se desculpa alguma coisa.
E agora está gravado naquele sofá que foi embora, naquele rack em que colamos recortes de jornal( por sinal, sou quase um profissional nisso), está naquele livro do Tal Golin, no maço de cigarro que eu abri como quem sabe. Está no suor compartilhado, nos poemas que nascem as vezes, em cada vez que te escrevo, exatamente como estás escrita em mim. Ou ainda cada vez que empunhas tuas armas naquela história que te conta, nas bergamotas comidas no banco da praça, nos primeiros dias de um caminho distinto, do caminho distinto que por tanto tempo passamos a levar.

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