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sexta-feira, 11 de maio de 2012
Lembra?
Nos amamos, lembra, daquele amor de tanto tempo atrás? Aquele que não amamos, no beijo que não demos? Lembra daqueles sonhos que tivemos um com o outro, mesmo que nunca tenhamos sido um do outro, e mesmo que provavelmente nunca consigamos ser. Lembra das coisas que escrevi pra ti, pros dias em que não estivestes ao meu lado, nas fotos que não tiramos juntos, nos espaços que sempre preenchemos com alguém que não éramos nós.
Nos amamos tanto, mesmo não tendo amado nunca, nos amamos desse jeito desamado, dessa forma, imprecisa, imprevisível, eterna na nossa total falta de estar juntos, nesse mundo, em que eu não preciso te abraçar pra ter te aqui, por que nunca te tive, e por que ambos sabemos, jamais nos teremos.
Imprecisos? Nada pode ser mais nosso do que nossa imprecisão, nossa imperfeição de ser perfeitos nisso que não temos, nunca tivemos, e nunca teremos. Mesmo assim, preciso falar que me traduzo em ti, e precisas me dizer que eu devo dizer isso pra todas, e precisas dizer que minhas palavras são exatamente o que pensar, para que eu sorria ao te ler, como sorris ao me ler, eu sei que sim, posso sentir, nesses sentidos todos que temos um no outro, na distância que nos une de um modo inexplicável.
Nos amamos, lembra? Ainda nos amamos, do nosso jeito, embora, provavelmente nunca nos amemos mesmo, muito embora, tenhamos iniciado pelo cabo, e posterguemos esse cabo nesses fantásticos diálogos virtuais, em que te vais e eu me vou pra uma vida que não nos lembra um do outro. Nos amamos, lembra? Será que um dia esqueceremos?
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