Pesquisar

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre um tempo de nós não

Estávamos lá dentro da tua dança que eu não sei, dos teus passos que eu tento não pisar, e eu imergido dentro dos teus olhos cor de vida, cor de sonho, cor de todas as cores que eu consigo inventar, buscando a tua boca dentro da minha, o teu sorriso dentro do meu, o teu universo tamanho, dentro do meu mundinho de pouca coisa.
E dez anos haviam passado, milhares de dias, milhões de minutos, bilhões de segundos que não foram nossos, até os dias em que ressurgistes renascida, qual uma fenix de fantasia a queimar meus dias, meus dedos, minha pele, em cada vez que ela é mais tua do que minha, nas vezes todas em que sou mais teu do que sou meu.
Estas esparsas linhas que te chegam desde mim de um modo que eu não sei, saem de mim como arrancadas, como expulsas, para que quando confrontadas ao papel, façam sentido, faças sentido, além de todos os sentidos que já fazes em mim. Sei que ainda é cedo, que ainda há tempo, pois o tempo tem dessas coisas por ser tempo.
E dez anos haviam passado, e estavas ali e eu também, por esses destinos que não sabem se explicar, por serem destino. E mais alguns dias passaram e estás cada vez mais aqui, guardada em um lugar que eu ainda não sei acessar, num lugar que é só teu e eu não sei como diabos conseguiste entrar, justo quando eu achei que tinha posto todos os meus cadeados, quando eu achei que estava com tudo lacrado, quando eu achei que tinha achado a melhor maneira de me achar.
Estas esparsas linhas produtos de tudo que eu já vivi, li, sonhei e de tudo que tenho vivido, lido e sonhado em ti, são minha ultima fortaleza minha forma de te dizer as coisas todas que preciso que saibas, mas que minha boca por ser muda, não sabe contar, são meus passos de dança não dançados em todas as vezes em que eu me mexi desajeitado dentro dos teus braços quase impacientes de me ter.
E dez anos haviam se passado sem as esparsas linhas que hoje preenchem o papel, meu melhor amigo, meu ouvinte fiel, meu companheiro em todas as coisas que não conhecem companhia. E outros dias se passaram, outras estrelas nasceram, algumas morreram, e nós ainda estamos aqui, ainda aqui em lugares tão distintos com papéis tão diferentes numa peça de um roteirista bem mais ou menos. Dez anos haviam se passado e eu tinha guardadas essas linhas, esparsas. Tinha guardado esse tempo de nós não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário