Uma mordida, o toque sutil dos meus dedos correndo por entre teus cabelos negros e macios, meus lábios respondendo a eterna pergunta dos teus, tuas unhas cravadas nas minhas costas, o meu respirar ofegante acompanhando o teu silêncio. Te enlaço dentro do fim da minha noite e caminhamos pelo corredor daquele tempo que há de ser só nosso.
- Gostas de Xadrez?
- Jogo mais ou menos.
- Camisa Xadrez, seu burro.
- Ah, gosto muito, mas não tenho.
Agora tenho. Ou hei de ter pelo tempo que hás de ser um tanto minha( o que não é mesmo, mas é igual), hei de ter pelo tempo da tua dívida, das mordidas que me deves, aqueles que separei em suaves prestações a correr pelos meus dias.
E hei de ter nas histórias que já temos para contar, sobre coisas polêmicas( e que tendem a fuga), sobre lugares que doem( mas, psss, ninguém pode saber), sobre partes do corpo que estão sempre sujas( sim, teu nariz está sempre sujo, desde o princípio dos tempos talvez, triste, triste, inexorável constatação), sobre o gosto de cigarro da tua boca( do qual eu nunca reclamei, ou hei de reclamar) e também sobre as rosas que rejeitas quando fogem da minha mão, pois o lugar delas não é o teu olhar, e sim, estar vivas junto as outras de sua espécie.
Uma mordida, uma marca no pescoço, teus lábios suspirando ao meu ouvido, o gosto da tua pele inventando supernovas em mim, lembras( pois hás de lembrar) dos nossos tempos de ser par, nos corredores da tua casa, nas tuas marcas gravadas em mim qual tatuagens, qual fossem segredos que jamais podem ser revelados.Meu desejo era cultivar essas marcas para que sempre ficassem por aqui, como uma lembrança, por se um dia fores isso, uma lembrança.
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