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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cartas de Quixote a José Arcadio

Dom Quixote em sua batalha eterna pelos beijos e carícias de sua amada donzela Dulcinéia del Toboso, derrotou todos os gigantes disfarçados de moinhos, todos os pobres de espírito, todos os que não sabiam conjugar em suas histórias o verbo sonhar.
Ulisses atrevessou os sete mares, pois Penélope o esperava sob o véu do sono que fingia a desfazer seus próprios pontos em suas noites de vigília, e assim passaram-se dez anos, e assim passou-se uma história, eternizada no reencontro, naquele dia interminável de ser par, depois de tanto tempo de não ser.
Ursula a suportar os devaneios de José Arcadio, pois sabia que ele era antes de tudo um bom homem, e que ele era seu, e que ela era dele, e que como dois haviam de inventar a eternidade de uma estirpe, que jamais saberá ser repetida. Mesmo que não o soubesse, mesmo que o houvesse sabido de todo o sempre.
Enfim, as histórias que pretendem ser histórias tem seus contratempos, seus momentos de batalha, seus duelos imperfeitos, suas noites complicadas. As histórias quando histórias são nos exigem coisas demais, para serem contadas ou ainda explicadas, as histórias são vividas e se assim o desejar, que a conte um terceiro, alguém que se entenda dentro dela. Alguém que aceite que aquele destino também poderia ser o dele, mesmo que provavelmente jamais o seja.
Por fim, no enfim, que agora ensaio, não venho falar dessa minha história, venho contar-te de outras. Mas no fim, não é sempre a mesma coisa? Lutar por algo que se quer( em todos os sentidos que essa frase abrange) não é o que diferencia os que sonham dos que não. Prefiro pensar que sim, prefiro pensar que preciso pensar assim, pois, quando eu quero, eu quero muito, pensei em te gritar, em nos gritar talvez, esse querer de tanto eu quero, esse querer de eu quero tanto.

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