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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Numa esquina que não essa

Numa esquina que não essa( digital, fria e irreal) em que teus passos inventaram caminhos para que eu também pudesse caminhar, pensei em gritar, em te gritar, em nos gritar talvez, gritar esse querer de tanto eu quero. Esse querer de quero tanto, gritar e hás de ouvir, meu silencioso grito a ecoar.
Pois me fui e depois de ter estado partir é algo bem difícil. Fui, com a promessa de na próxima vez te ter para mim, de dividirmos os sussurros noturnos, os passos discretos cravejados nos corredores do sonho. Fui, mas se olhares bem, se prestares atenção, hás de me ver em algum canto da tua casa, talvez no cigarro vencido debruçado sobre o cinzeiro.
No grito silencioso da musica que preenche o salão( sempre ouço musica quando estás), sinto o teu cheiro encrustado na minha pele, provocante, me vencendo para que o sono não me vença, para que eu te pense antes de fechar os olhos pela última vez naquele dia, e te levar junto comigo para o sono em que não estás.
Numa esquina que não essa, numa esquina da tua casa, da tua rua, do teu mundo( cada vez mais parte do meu), em que começo a escrever-te os versos que depois pretendo leias, em que meus passos gagos da embriaguez( que sempre experimento, quando experimento os lábios teus) vão tropeçando meus sapatos, eu pensei em te gritar, quiçá pedir um lugarzinho na tua casa, no teu sorriso, no teu olhar.
Numa esquina que não essa fui caminhando os beijos nossos, e o gosto da tua pele que ainda sinto agora, quando confronto a frialdade do papel eletrônico que aceita meus abusos de quem pensa escrever, de quem sonha inscrever-te, inventando constelações inteiras que unam tua pele a tua alma, numa viajem improvável ao fim do infinto. Numa esquina que não essa pensei em te gritar, em nos gritar talvez , gritar esse querer de quero tanto, gritar esse querer de tanto eu quero.

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