Abres a boca. Um sorriso quase triste ilumina tudo. Uma pétala de rosa foge da tua garganta e tua voz me chega cortante, atravessando pele, osso, sangue e se instalando no meu coração.Para ser mais exato, num ponto e(x)terno, um ponto jamais encontrado pelos cientistas desse tempo, um invólucro que não envolve nada, um cerne, sem centro algum.
Abres os olhos como quem olha, como quem busca algo em mim, que eu nem lembrava possuir, e eu quase penso que encontras, quase penso que tenho, e me sorrio também, por alguém que tem tanto, ver ao menos um pouquinho em mim, um pouco de som, um pouco de luz, de moléculas atômicas de sonho, de fantasias quixotescas.
Abres o mundo e me levas pra dentro, me emprestas teus olhos para que eu possa enxergar melhor, me emprestas tua mão para que eu possa tocar as coisas todas e sentir sua real textura, me emprestas tuas pernas para que eu possa caminhar, descalço e enternecido pelos corredores da irreal realidade que professas( única capaz de mudar o mundo cinza).
Abres estrelas, destrinchando universos, te armas com todas as tuas flores, com teu sentir de mil bravuras, com tua ventura e o teu ardor me emprestas asas para que voemos sondando constelações escondidas em caldas de cometas, e vamos indo, sendo sonho antes de gente, sendo vida, antes de morte, sendo guerra( apenas quando for por amor e por paz), sendo brilho de eternidade, no efêmero existir de um mundo opaco.
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