É uma ruazinha de pedra, tem um canteiro de sonhos, flores e estrelas e várias casinhas iguais. Ainda assim, eu sei exatamente qual é a tua, e a hora que estás em casa, a hora que eu posso ir. Chego sempre um pouquinho antes pra pedir pra noite cair e converso com o tempo para que comece a chover, antes que apontes no horizonte.
E as estrelas desabam nas gotas de chuva e iluminam tudo, a orquestra começa e o Sílvio decide cantar. Tu chegas como já esperando que o silêncio sepulcral tivesse ficado adormecido no outro mundo, que nem mundo é, e com um sorriso iluminas todos os universos que tenho pintados em mim.
É uma casinha de pedra, quase uma tapera, a cama é feita de versos e não há força que possa quebra-la( com exceção do amor, quiçá). E tu te sentas flutuando e lembras de algo, alguém quiçá, corres descalça com teus pés claros até a janela, a mesma de sempre, aquela que sempre foi nossa morada, mesmo antes, mesmo quando não. E estou lá, te sorrindo refletindo teu sorriso mais sincero.
Me beijas, sem tocar meu rosto, me abraças sem usar os braços e juntos de olhos fechados, vemos o mundo( esse que é nosso) se enchendo de unicórnios e de fadas, e as borboletas que também esperavam por ti nos levam por aí valsando nas alturas do teu sonho, e aí dançamos tanta dança e rimos dos cachorros correndo lá embaixo, das pessoas que olham pra cima pra falar do tempo e não nos veem, e só, por isso lembramos delas existindo.
É uma ruazinha de pedra, tem um canteiro de sonhos, flores e estrelas e várias casinhas iguais. E mesmo assim, o mundo todo se resume a essa rua, moram por lá os que cultivam noites estreladas e também os poetas( mesmo os que ainda não conhecem o amor), as musas, e a poesia, mora por lá também o Quintana. Mora o Chico, e acima de tudo moras tu, uma inventora de mundos, de sonhos e estrelas. Acima de tudo isso, nessa ruazinha de pedras, com canteiro de sonhos, moras tu, dentro de um beijo, de um sorriso, de um abraço que explica o universo.
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