Vou levando, como der, a vida que me leva. Caminhando, como sei, sem muita pressa, apesar de ter tanta pressa, pressa demais. Vou levado tal qual alguém que não pode vencer a correnteza, muito embora eu já a tenha vencido desde o nascedouro. Vou levando, fumando cigarros que não fumo, bebendo, coisas que efetivamente bebo.
Vou levando e tenho levado bem. E essa sim, apesar de em nada se parecer com uma, é uma carta. Quase um curriculum vitae, algo pra me falar, afinal eu falo tanto, mas o que importa, o que importa realmente, só meus dedos em contato com a pena sabem contar. É aqui que me confesso, me entrego, me vivo( a maioria das pessoas só existe, já disse Wilde). E aqui estou vivo, meu respirar é marcado, quase machuca o papel. E meus olhos, são olhos parecidos com os teus, sonhadores, interessados,estou me tornando repetitivo, mas olhos vivos.
Vou levando e o papel agora me leva com ele. Com um resto do teu beijo carregando meu punho e jogando sem pudor tudo que puder sobre a página que tantas e tantas vezes me pede carinho. E eu psicografo, como nasci pra fazer. Como haveria de fazer, antes mesmo de saber-me, ou de me saberem os outros.
Vou levando, vou levado e ando depressa sobre meus passos lentos. E estás um pouco neles, naqueles fins de noites de nossa embriaguez, das tuas crenças, dos lugares que ainda hás de conhecer. Nos marxistas, marxianos, e no chato do Löwy, olho pra baixo piso com cuidado, pois não quero te acordar, as vezes temos de ir embora, mas é muito bom te ver dormir.
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