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terça-feira, 23 de agosto de 2011

DEZ ANOS DEPOIS( E COM A MESMA ROUPA)


E se nos víssemos, como nos vimos, dez anos depois( e com as mesmas roupas) ainda os mesmos, mesmo CPF, mesma carteira de identidade, mesmo tipo sanguíneo, embora outros tão distintos que o tempo quase não lembra de quem éramos.
E se nos víssemos, como nos vimos, como havíamos de ter nos visto, sob a penumbra do álcool, dos copos, dos risos, dos copos, da noite boemia que assumimos como nossa, dez anos depois( e com roupas tão distintas) que não fosse as poucas coisas que ainda temos de igual, sequer aqueles meninos que um dia fomos nos reconheceriam.
Pus- me a pensar, pois tenho a trágica sina de pensador, de lembrador quiçá, e nesses pensamentos memoriados acabei te encontrando. Estavas lá. Sentada sob o véu da timidez infantil que já não é tua. Lá naquela cadeira velha de colégio, rangente, rangendo, com saudade de nós, nostálgica, agarrada a vida que deixamos por lá.
Te encontrei naquele tempo, naqueles dias de noites silenciosas, onde o destino era só uma miragem, um tiro nos escuro, um passo gigantesco, talvez grandioso demais, para quem ainda estava aprendendo a caminhar.
E me encontrei por lá também, mais baixo, ainda mais magro, por conseguinte com os olhos ainda maiores , carregando a tiracolo um casaco que até pouco tempo me emprestava tanto calor( muito embora a física dissesse que efetivamente ele não me emprestava calor algum).
E ainda estamos lá. Ou melhor estão por lá aqueles dois, aquele que já não sou, e aquela já não mais serás, eternizados nas retinas da lembrança, em um espaço de tempo que jamais se extinguirá.

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