O poeta não controla nada, seus passos, seus amores, seus sonhos e muito menos seus escritos. É um mero instrumento, um psicografador, psicografista ou coisa que o valha, o poeta é ao contrário do que pensava Quintana( mentor muito mais sábio) um intermediário. Como o padre, como o canudinho, como a caneta confrontada com o papel.
O Poeta é uma criança que ouve coisas e que as repete com a quase convicção de que são suas. Digo quase, pois lá no fundo, em seu âmago, escarnecido pela putrefata poesia que o consome ele sabe. Sabe bem, que nada daquilo é seu, e que está só quase todos os momentos, que está vazio em todos os quase sempre do seu dia. E que quando a musa vem e o envolve e o beija e o ama ele chega ao máximo que pode ser, nada pode ser maior que aquilo, nem mesmo seu outro momento mais sublime.
O Poeta não tem coisas, muito embora o mundo exija isso dele. O poeta não tem nortes, pois é um ser sem direções que caminha por caminhar. O Poeta é hipocondríaco, arrogante, cara de pau e tem algo de filho da puta. Algo Bukowskiano, algo cru, ainda que seja o melhor ser do mundo, o mais nobre poeta não presta. Não merece carinho ou respeito. O mais nobre poeta é um idiota completo, simplesmente, porque assim são os poetas, assim são os homens.
O poeta, esse ser que desconheço, que jamais me viu e que não me sabe, mas que as vezes( quase nunca) pousa em mim, é tão bom quanto o melhor dos homens, enquanto poeta, mas o seu invólucro corpóreo, quando não o tem é apenas um idiota limitado que não sabe pra onde vai, e menos ainda de onde veio, é um ser perdido sem a pena. É apenas a poesia que empresta a poesia ao papel.
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