Pesquisar

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Causas e efeitos da intranquilidade noturna

Eu normalmente não fico bêbado. Conheço meus limites, meus horizontes possíveis, os temo, pois me conheço, e como conhecedor de mim não caminho certos caminhos, muito embora às vezes me atreva a eles. O que me surpreende, quase me choca, é que ela, a moça de há tanto tempo ,tenha se atrevido a mim sob tais circunstâncias.
Eu normalmente não fico irritado. Não me meto em brigas, e não fico bêbado( ou melhor não fico trêbado), não intervenho em situações limites que envolvem um homem e uma mulher, quando o homem não sou eu. Pensando bem, cá com meus botões desabotoados, eu normalmente tendo muito a normalidade. Sou um chato. Vergonhosa e irritante constatação bombástica.
Eu normalmente sou um normalista, por assim dizer. Mas será mesmo¿ Qual dos dois eu’s, esses seres dissonantes sabe melhor a mim. Tem gosto mais parecido com o que empresta minha boca cada vez que resvala na tua, com gosto, com teu gosto( tão melhor do que o meu). Qual dos dois, o do olhar(grande) cansado, vencido, ou do olhar(grande) vivo e até meio insolente¿
Gosto desse cara, esse segundo, ele é novo por aqui, um forasteiro sentimental em mim. Aparece quando estás. E quando estás se torna bem aparecido. Brota da fumaça do cigarro que acendes quando já não estou e que me deixa com um pouco de inveja por ser o ultimo a te beijar antes que durmas. Quiçá nasça da minha língua enrolada depois da enésima cerveja que unida a minha saliva se confronta com meu fígado.
Talvez nasça de mim, talvez nasça de ti. Quiçá dos dois, do híbrido que geramos enquanto nossos beijos nos tornam apenas um. Brota do teu toque, teu sorriso, talvez do teu cabelo, do universo que te tens e em que me levas e em que orbito algumas vezes. Gosto desse cara, e ele simpatiza contigo, sempre chega em casa comentando algum causo, algo acontecido na noite que foi de vocês dois, nisso ele e eu somos parecidos, falamos demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário