Há muito tempo atrás, em um tempo sem relógios, calendários marcados, horários pra cumprir ou lugares a chegar, algo brotou de mim, um poema, singelo, quase pobre de tão meu. Recordo-me hoje apenas do nome, “ De uma bussola sem norte”, era um bom nome, nunca consegui bons nomes para meus bons poemas, todavia os ruins, tem nomes excelentes. Por isso decidi usá-lo,por ser meu, por descrever-me em alguns níveis. Por não saber muita coisa dos meus nortes.
Das minhas paixões primaveris de adolescência, quase todas eram quiméricas, apaixonei-me por canções que de tão perto, acabavam sendo extremamente distantes. Por livros de autores que estavam tão vivos, embora já há muito tivessem expirado, que quase podia convidá-los a uma conversa sobre as coisas que as coisas todas trazem consigo.
E amei muitos acordes, muitas donzelas em perigo, soltas nas madrugadas da minha mente. Nos caminhos difusos dos meus olhos sonolentos de tanto lê-las. E houve mulheres reais, com cheiros, haveriam de haver, obviamente. Mais falíveis, imperfeitas, até chatas para alguns, personagens perfeitas das minhas histórias, daquelas que um dia alguém há de ler, mesmo que seja pra dizer, que não valem nada, que não valem o papel que as abriga. São tudo o que tenho, elas, as minhas histórias, e são um tesouro tão valioso que posso compará-las ao ar, as abelhas que beijam a flor e permitem que o mundo ainda viva, aos dias felizes que a memória emoldura, aos olhares que olho detrás dos meus olhos grandes e ainda me deixam sonhar.
E ainda há outros poréns, os outros, que não eu. Há, melhor ainda, as outras que não aquelas que são minhas. Um poeta não vive sem suas musas. Há aquelas que do avesso nos carregam, apoemadas em cada detalhe dos milagres que possam conceber. Infelizmente, não reconhecidos pero ortodoxismo das instituições religiosas destes tempos. Tem seus charmes, seus talentos para canções que hoje pouco se ouvem, para histórias que hoje poucos se atrevem a contar. E tem seus gostos, apenas seus, que a trazem sobre as asas. Sabem, as musas, apenas ser diferente, pois a igualdade não é delas, a igualdade é do resto do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário