O primeiro encontro, em que efetivamente, fomos um par( mesmo que jamais o tenhamos sido), apenas serviu para reafirmar em mim aquela certeza maldita e indesejável que aquela mulher me deixava completamente desconfortável. Seus lábios, sua presença, seus olhos, seus cheiros indecifráveis a coisa boa.
Tinha cheiro de infância, cheiro a jasmim, cheiro a manhãs de domingo passeando com o cachorro. Cheirava a saudade. Sim, esse era o seu cheiro mais poderoso. Um cheiro inconstante que vinha e que ia, mas que ali sempre estava. Ao menos em um recanto de sorriso, no branco do olho, no movimento do cabelo, na palavra omitida. Nos sei lá mais eloqüentes que já foram pronunciados.
E ela me pediu pra partir. Me disse que eu não cheirava a chegada, quando ela cheirava a partida. Descobri que os cheiros são mais importantes do que qualquer outra coisa. Então esqueçam belos sorrisos, corpos musculosos, formas perfeitas, no fim é tudo sobre compatibilidade hormonal e olfativa. Sim, pois, imaginem o seguinte imbróglio, duas pessoas compatíveis nos mais diversos níveis, tem também a sorte de ser compatíveis hormonalmente, ou seja, o aroma que provém da outra é exatamente aquele que faria com que ficassem juntos. Contudo, talvez por um erro do destino, um dos dois naquele dia, está com um distúrbio olfativo considerável, e o aroma que lhe chega, não é o da compatibilidade e sim, um outro, que pode até ser bom, mas não é o certo
E então, o destino que se encarregou de transformá-los em dois, desde o momento em que fetos eram, agora, se vê derrotado por uma congestão nasal. E no fim, eu o incompatível hormonal de minha própria história começo a sentir certo entupimento nas narinas. O destino que me pregou uma peça, agora começa a me ajudar a levantar, afinal, talvez eu tenha sentido o cheiro errado, talvez não houvesse cheiro a infância e a coisa boa. Talvez não houvesse cheiro a saudade. Talvez não houvesse cheiro algum. E eu estava errado e os sei lá, eram apenas sei lá. Eu que não costumo rezar, tenho despendido um certo tempo nisso, rezando pra que o cheiro dela não pertença realmente a mim. Acho que não, acho que ela,efetivamente, cheira a coisa boa. Mas, sei lá.
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