Não gosto de textos longos, ou eles os textos longos não gostam de mim, talvez seja por que eu me perca, sou um escritor de coisas singelas, creio eu. E dessa vez por força de destinos que não se explicam, apenas se subentendem, preciso me alongar um pouco. Há sete luas orbitando ao redor do teu olho. Luas inteiras de cores e formatos diferentes, cada uma com seu cheiro, sua temperatura, seu infinito particular.
Talvez seja uma lua para cada letra do teu nome, pra cada jeito diferente que tens de mexer o cabelo, uma pra cada forma que tens de sorrir. Mas se eu fosse apostar em algo eu diria( e que comecem as apostas) que tem uma lua que contém teu senso de justiça, uma lua que contempla teu riso( aquele sincero, quase gritado, aquele feliz), uma lua que contempla tua simplicidade( ou as coisas simples que queres, sem querer), uma que possui teus sonhos todos( que são maiores que o mundo), uma que faz refém teu coração( livre e preso, em teu eterno paradoxo), uma que contém os teus, e uma escondida, quase imperceptível( para olhos não treinados) que ilumina meu caminho quando tudo é escuridão.
A primeira lua a do senso de justiça, provavelmente foi a primeira a te orbitar é a mais antiga dentre todas, está em cada ação tua, e até na tua arrogância impertinente, está nas coisas que nos uniram e também nas coisas que nos afastaram, está em teu modo de agir( quando agir é o mais correto), discordamos, discordemos e discordaremos por todo o sempre muito por culpa dessa lua, mas sem ela, tu serias menos, e bem, tu és algo de mais, para ser menos.
A segunda lua( me atrevo, por também arrogante, a colocá-las em ordem cronológica, minha ordem cronológica) é a que contém o teu riso, aquele contido, nas primeiras fotos infantis, nos nossos primeiros encontros(casuais), nos nossos dias de felicidade inconstante( apesar disso incontrolável), e como tem brilho essa lua, capaz de fazer o mundo parar por alguns segundos, capaz de fazer o silêncio tomar conta da cena e tudo e todos serem apenas espectadores do teu existir.
A lua da simplicidade tem uma cor estranha, ou sendo mais específico( e não por isso, mais claro), tem tonalidades difusas, brilha de um modo num momento, e de outro completamente distinto em outro. Não, tu não és afeita a simplicidade, muito embora só às vezes, num instante, num pequeno brilho de olho( ou de lua), algo é expelido dessa lua e uma frase singela como a vida brota, algo sobre uma toalha de mesa, sobre um cercado, uma casa branca, uma bengala e um cachorro.
A lua dos teus sonhos é a mais brilhante, a mais acesa, tal qual uma fogueira eterna, que brilhará muito tempo depois que todos os viajantes já tenham partido para outros portos. É a lua que queima quem a toca com medo, mas que aquece quem tem certeza de que seu calor também o aceitará, é a lua que quer mundo( ou mundos por seu lua), é a lua da tua inconstância, a lua que odeia os teus dias corriqueiros.
A lua que tem teu coração, é um invólucro, não tem personalidade própria, é apenas um cristal eterno e inquebrável que guarda teus sentidos, sem sentido. A lua que tem teu coração, quase explode de tanta força, tantas ondas quebrando contra ela. Ondas de mil sentidos, de liberdade presa, de uma prisão libertária. A lua que tem teu coração é como a prisão que durante tantos anos manteve preso a Nelson Mandela, pode até controlar-te fisicamente, mas nunca controlará teu espírito.
Em seguida, vem a lua que contém os teus. Aqueles que amas, como podes, como sabes, com total brandura, mesmo quando dura, quando fria, quando temerosa. A lua que contém os teus sentidos mais ancestrais de proteção, uma lua que grita cada vez que sente uma ameaça qualquer aos filhos( amigos, pais, irmãos) que ainda não tens, mas que sempre serão teus, pois nasceram no dia em que nascestes, estão no teu ventre esperando pra brotar.
E por último vem a lua que tomei como minha, a menor de todas elas( mas não menos importante), meio opaca, machucada pelo tempo, ou por chuvas de meteoros, por coisas mal ditas, ou simplesmente não ditas. Poderia descrevê-la como um feixe de luz, um brilho eterno enviado pelo tempo e que sempre está a minha frente, caminhando meus passos, quando tudo é noite, quando tudo é silêncio, quando tudo é solidão. Sentado numa cadeira quebrada, cansada de esperar, penso comigo( que é tudo que tenho e mais do que preciso) numa frase de canção que resume esse brilho e o brilho que já quase não vejo: O que não tem fim, sempre acaba assim.
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