Ela estava linda. Tinha os olhos felizes, os lábios secos, ávidos pelos meus. Tinha um brilho que jamais hei de esquecer. Estava ali, sendo minha, e eu sendo dela. Sem palavras, por que qualquer palavra acabaria com o mistério, com o segredo, com o sonho. Beijei seu ombro, e agora enquanto escrevo, lembro exatamente o sabor da pele dela, contrapondo minha falta de gosto, minha falta de sal, minha falta de ar.
A sorri, ela impressa em todos os meus dentes, meus trejeitos, meus olhares de quem pensa em não pensar. A vivi, e ela foi minha, ah e quanto foi, e quanto é, muito embora não o seja. Não seja mais que um sonho bom, um passado sem passado, que jamais há de passar. Abri minhas mãos e deixei que se fosse pra onde tivesse de ir( pra Pasárgada, quiçá). Que seguisse seu caminho, enquanto eu tentava inventar outro pra mim.
E me inventei e me reinventei, com todos os sorrisos que me haviam restado como única fortaleza, e a bebi em tantas noites, e a matei em cada beijo, que não foi dela, em cada lágrima represada. Até que um dia ela se foi( terá mesmo partido?). e eu fiquei, sem mim, nem ela. Sem metade, nem laranja, sem sentido, sem norte e creio que mesmo sem sul. Ela estava ali, seu gosto ainda está por aqui, e eu ainda ando por aí. Por aí, eu vou vivendo, e esta é sim uma carta de adeus. Adeus, espero que me tenhas, que me vejas, e que me ames, pelo que fui e principalmente pelo cara que jamais vou ser.
Muito bom!!!
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