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domingo, 25 de setembro de 2011

Sem metade nem laranja

Ela estava linda. Tinha os olhos felizes, os lábios secos, ávidos pelos meus. Tinha um brilho que jamais hei de esquecer. Estava ali, sendo minha, e eu sendo dela. Sem palavras, por que qualquer palavra acabaria com o mistério, com o segredo, com o sonho. Beijei seu ombro, e agora enquanto escrevo, lembro exatamente o sabor da pele dela, contrapondo minha falta de gosto, minha falta de sal, minha falta de ar.
A sorri, ela impressa em todos os meus dentes, meus trejeitos, meus olhares de quem pensa em não pensar. A vivi, e ela foi minha, ah e quanto foi, e quanto é, muito embora não o seja. Não seja mais que um sonho bom, um passado sem passado, que jamais há de passar. Abri minhas mãos e deixei que se fosse pra onde tivesse de ir( pra Pasárgada, quiçá). Que seguisse seu caminho, enquanto eu tentava inventar outro pra mim.
E me inventei e me reinventei, com todos os sorrisos que me haviam restado como única fortaleza, e a bebi em tantas noites, e a matei em cada beijo, que não foi dela, em cada lágrima represada. Até que um dia ela se foi( terá mesmo partido?). e eu fiquei, sem mim, nem ela. Sem metade, nem laranja, sem sentido, sem norte e creio que mesmo sem sul. Ela estava ali, seu gosto ainda está por aqui, e eu ainda ando por aí. Por aí, eu vou vivendo, e esta é sim uma carta de adeus. Adeus, espero que me tenhas, que me vejas, e que me ames, pelo que fui e principalmente pelo cara que jamais vou ser.

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