Era tarde, o que apenas indica que nesse espaço do mundo em que me encontro a noite já estava partindo para seu ocaso, seus últimos capítulos, se preferirem. Era tarde, o que fala tanto e quase nada, sobre quem eu era, quem éramos nós, e quem poderíamos ser ,se nossos dedos se tocassem, se nossos lábios se encontrassem por acaso, desses acasos que o acaso nos empresta.
Era tarde e eu havia bebido, um pouco mais que o necessário talvez, mas como classificar o necessário quando a noite é alta e os homens também o estão, como definir nos nossos timbres, gestos, frases e risos quando deveríamos ter parado, quando deveríamos ter dado um basta. Quando é tarde, tudo parece tão terminal.
Era tarde, mas não tarde demais, jamais é tarde demais, aprendi isso com o tempo. Aprendi que as coisas além de ser olhadas( pois, como nos olhamos, ou melhor como eu te olhei), devem ser tocadas, ou ao menos pretendidas. Pois levei minhas palavras trôpegas, meus passos gagos ao encontro dos teus, e conversei, te conversei, me conversastes um pouco também, e o terceiro parágrafo chegou ao fim.
Depois, bem depois veio o depois, os lábios que temos acabaram se tocando, por forças gravitacionais que talvez os físicos mais experimentados sejam capazes de explicar. Depois, veio a tua saliva, acompanhada da minha, e meus beijos a desfilar pelos teus dentes, teus sorrisos a desfilar sobre meus olhos, e nossos sapatos a desfilar sobre o salão. Como eu disse, como eu teria de dizer, como eu haveria de ter dito, o ultimo parágrafo, não dependia apenas de mim.
Ficaram lindos, os três parágrafos. :)
ResponderExcluirMas o último completou a noite.
ResponderExcluirComentou mesmo, não duvido mais de ti!!! Pô, já tava achando que o último parágrafo não tinha sido legal.
ResponderExcluirEu falei que eu ia comentar, era só pra gerar a dúvida.Brincadeira, ficou ótimo.
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