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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Levo a carteira de identidade

No dia que eu for embora, de você, de nós, de casa, você saberá. Levarei comigo meus livros desfilarei a capa branca daquele livro do Gabo e saberás que tudo, enfim, teve um fim. No dia que eu me for, não sobrará páginas lidas sobre páginas não lidas, meus livros vão comigo, e ponto, muito embora, agora eu ainda pense nas vírgulas.
No dia que eu for embora a trilha sonora tem que ser algo como “ O COMEÇO” do Gonzaguinha, algo desesperante, desesperado, desesperador. Quando eu for embora de tudo o que fomos, deixarei pegadas, quero um grande final, lágrimas e despedidas pomposas, quero que meu adeus, faça esquecer todos os até breves.
No dia que eu for embora, quero pensar que há alguém filmando tudo, e que minha atuação dramática, talvez me valesse até uma palma de ouro, quero uma terminalidade que sequer conheço, um gosto de fim, que ainda não senti, um desejo incontido de que o mundo exploda começando por mim.
No dia que eu for embora, não quero luto, não quero velas, não quero discursos, e nem quero brigas sem sentido. No dia que eu for embora, quero tudo em branco e preto e um bom câmera filmando meus sapatos, quero a porta sendo fechada lentamente e que quando alguém focalize meu rosto, se prenda apenas nos meus lábios, eles estarão cantando, sussurrando talvez, algo assim: Bato o portão sem fazer alarde, levo a carteira de identidade, uma saideira e muita saudade e a leve impressão de que já vou tarde.

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