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segunda-feira, 27 de junho de 2011

OLHOS CEGOS DE TE OLHAR

Estruturas se avolumam, milhões de projeções metálicas ainda guardadas na infinidade de um computador diminuto percorrendo os corredores dos teus olhos quase cegos de tão claros e nesse momento cansados, quase se pode ouvir o som dos operários, das máquinas trabalhando, de milhões de vozes e gritos de pessoas que ainda não vivem ali, mas que já deixam pegadas invisíveis em cada pedaço de carbono de cada quarto, que o tempo se encarregará de acomodar.
Quase pode-se ver crianças correndo ao redor daquele prédio, que agora, ainda uma projeção, poderia parecer tão frio, mas quase se pode tocar, sentir os passos pequenos da infância sobre cada partícula de frialdade, sobre cada espaço repleto pelo nada e pelo tudo que aqueles olhos claros e quase cegos foram capazes de inventar.
Quase se pode ver o amor, aquela coisa que só se sente, aquela coisa que só se tem, construindo vidas e universos dentro do universo que inventastes, nessas noites mal dormidas, mal vividas regadas a música e conversas virtuais.
Agora olhando pela janela, olhando estrelas que brilham aos meus olhos, mas que já morreram há tanto tempo, há tantas vidas, tantas eras atrás, vejo um prédio projetado, por outros olhos que não os teus, mas sei, que se fizeres o mesmo que eu, e encarares a noite em silêncio, ouvirás aqueles passos, aquele ruído de infância, verás aquelas pegadas, há tanto nada nesse tudo inventado, olhando para cima nesse instante tenho os olhos claros, quase cegos de te olhar.

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