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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Paradoxo da tranquilidade intranquila


O Vazio não é um lugar tranquilo, deveria chamar-se mar da intranquilidade aquele espaço lunar. O silêncio não é um estado de tranquilidade, é um estado de incessante movimento ventricular, a paz é intranquila também, pois são intranquilos os homens que buscam-na. Toda busca é intranquila, toda paz, obtida é formada por rios de mil vertentes de coisas nada monótonas.
Acordou ainda era noite, o suor lhe corria pelo rosto, e mil idéias lhe corriam pela mente. Talvez fosse quase hora de acordar, seus olhos pesavam o sono lutava contra ele mesmo, o sono, e por conseguinte, ao mesmo tempo que perdia, vencia. Paradoxal, sentia-se assim. Vencido, paradoxalmente, por uma derrota. Pensou no mar lunar, aquele da tranquilidade, estava em silêncio, o mundo estava calado, mas nada havia de tranquilo naquele instante.
Olhou para o lado, buscou algum calor diferente do seu, uma temperatura conhecida, um sorriso em nada afável, a obstinada derrota que ela também vestia as vezes, viu-se sozinho, mesmo que ela estivesse por ali, desenhada na parede da memória, tal qual miragem que não sabe desistir de ser tocável, amável, beijável. Quase poderia tocá-la, e era o quase, o ser mais perfeito na imperfeição que incomodava, que doía, que vencia o sono, que impedia que a tranquilidade fosse um lugar tranquilo.
Enfim, o dia chegou. O sono não chegou mais. Apesar de sempre estar ali a espreita, como ela andará, como andará seu dia, quem sabe ela me leia, quem ela me busque, quem sabe a gente se encontre, numa dessas curvas que sempre nos levaram ao encontro, e eu fique intranquilamente tranquilo num abraço que me prenda e que me solte, como o paradoxo lunar, como o paradoxo do olhar, que eu não sei se um dia há de ser meu.

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