Estavas ali, olhos fechados vencidos pelo sono, boca cerrada de um não querer sisudo, marcas de uma daquelas noites pouco usuais que costumam ser nossas, admito, pois sou um admitidor, que ultrapassara meus limites fisiológicos no que tange ao alcoolismo, cerveja quente, vinho doce e histórias novas pra contar.
Histórias novas que ninguém pode sabe saber, embora contes meus segredos mais acres. Histórias que devo guardar tal qual segredos que já não tenho, muito embora as minhas voem em tuas gargalhadas até os ouvidos dos nossos amigos mais atentos. Mas não importa, foi uma noite de ser par, depois de algumas noites de não ser e fazes falta, tens esse dom terrível de lembrar-te em mim, quando eu preferia fosses apenas esquecimento.
Histórias novas dessa nossa história que tem uma foz renovável, que se inventa e reinventa qual um rio inverossímil que morre ao nascer e que vive quando fim. Dessa história que é nossa, que é tua em mim, e que ao som dos teus sorrisos vai me sugando com a densidade de um buraco negro para dentro do invólucro onde guardas os que se atrevem a se atrever.
Batalha épica é tentar quebrar os muros, ludibriar os guardas, enfrentar teus guarda costas, subir no alto da torre e deitar na tua alcova, quando não te deres conta, enquanto dormes e eu meio embriagado observar o teu dormir, tentando ser uma parte, ainda que pequena, ainda que quase nula dos sonhos que atravessam tua mente e inventam mundos nas madrugadas dos meus olhos, grandes em demasia.
Me pedes para não gritar, gritando. Me dás as costas e eu vou seguindo teus passos, imergido em pensamentos dissonantes, sobre o quanto me encantas toda vez que fazes tudo para me desencantar. Sobre toda a proximidade que inventas cada vez que teus passos se distanciam mais.
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